TV Honestino
PROJETO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA
PESQUISA: ARTE, INFORMÁTICA E
TELEVISÃO
APOIO FAPERJ
CADASTRADO NO REGISTRO ÚNICO DE AÇÕES DE EXTENSÃO – RUA EDIÇÃO 2016 - N° 243552.1276.196470.28072016
Autor: ENÉAS
DE MEDEIROS VALLE
DOUTOR
EM COMUNICAÇÃO E CULTURA (ESCOLA DE COMUNICAÇÃO DA UFRJ, 2001)
PROFESSOR
DO DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA E TEORIA DA ARTE DA EBA/UFRJ
COORDENADOR
DO LABPD-ARTE
Web-TV para conectar
estudante com estudante e estudante com aluno
Homenagem a HONESTINO
GUIMARÃES
O título
do projeto – TV Honestino – foi
escolhido a partir do nome de Honestino
Guimarães, presidente da União Nacional dos Estudantes – UNE – desaparecido
durante a Ditadura Militar, em 1973. Além de uma homenagem, a escolha do nome
do líder estudantil assassinado tem o propósito de despertar as consciências
para a diferença educacional fundamental estudante
versus aluno e mostrar com resultados práticos a importância de conceder a
devida importância a essa diferença, obscurecida pela linguagem oficial adotada
pelo MEC e pelas universidades brasileiras a partir de 1968.
EDUCAÇÃO ou ENSINO?
A
diferença entre aluno e estudante consiste na oposição entre o aprendizado
uniforme do aluno e o estudo personalizado do estudante. A relação
docente-discente é bem diferente em cada um dos casos. Por ser uniforme o
programa, os alunos não têm liberdade de escolha e seguem a direção e o ritmo
indicados pelo professor, que concentra toda a responsabilidade pelo processo
de aprendizado. Contrariamente, o estudante segue um programa que não é
uniforme, segundo suas próprias escolhas e seu próprio ritmo. Por isso mesmo, a
responsabilidade do aprendizado é compartilhada, cabendo ao professor propor e
orientar um programa que o estudante desenvolve segundo sua própria
determinação.
Quanto à
diferença entre educação e ensino, pode-se constatá-la considerando-se a
diferença entre os verbos educar e ensinar: “educa-se alguém para algo” e, bem
diferente, “ensina-se algo para alguém”. Ensinar é muito mais simples e
limitado do que educar: pode-se ensinar à distância, porém educação exige
convívio, interação presencial e o cumprimento das exigências que o convívio
impõe, a começar pela disponibilidade da mesa de refeição comum.
A
consideração dessas duas diferenças é fundamental para um projeto estratégico
de educação que leve em conta a divisão atual do mundo globalizado entre países
criadores e exportadores de tecnologia, de um lado, e países consumidores e
reprodutores de tecnologia ou de seus produtos, do outro. Só se pode ensinar o
que já se conhece; para que se possa encontrar novas soluções e descobrir novas
possibilidades, é preciso a aventura da liberdade e o guia da responsabilidade.
Por isso, o aluno, por definição, apenas reproduz o conhecido, enquanto o
estudante é a aposta que se faz no avanço do conhecimento.
Resumindo,
a questão estudante-aluno é a questão da liberdade-responsabilidade no processo
educacional, que é justamente suprimida quando se apaga a diferença entre o
aluno e o estudante e, com ela, a distinção entre a educação da criança, do
adolescente e do adulto. Ora, o corpo discente de uma universidade é
constituído maciçamente por jovens saindo da adolescência e entrando na fase
adulta. O sentido do trote é justamente deixar uma marca da entrada na vida
adulta, quando o indivíduo será confrontado com opções a serem feitas e a
decisões a serem tomadas e mantidas.
Consideremos de novo a diferença entre os
verbos ensinar e educar: ensina-se algo para alguém ou alguém para
algo, mas educa-se alguém para uma atividade (comportamento), sem
que a inversa possa ser verdadeira. Assim, quando se emprega o verbo ensinar,
toda a atenção e a ênfase estão no conteúdo pré-definido do que vai ser
ensinado, e é exatamente esse conteúdo objetivo que define o ensino. Pelo
contrário, quando se utiliza o verbo educar, a atenção e a ênfase estão no
indivíduo, no sujeito que precisa ser educado para um determinado tipo de
comportamento, que jamais é um conteúdo objetivo, mas sim e sempre uma
capacidade de agir em determinadas circunstâncias futuras. Por isso, ensino é
algo infinitamente mais simples e fácil do que educação.]
Há um princípio obsoleto, mas que é um
verdadeiro dogma pedagógico: acredita-se que a educação cabe à família,
enquanto o ensino é competência do poder público, isto é, da sociedade civil e
do Estado. Essa verdade pode valer nas aldeias, vilas, povoados e cidades
pequenas ou médias, com menos de 1 milhão de habitantes, como era a regra
absoluta até o advento do século XX, quando as cidades e a população mundial
cresceram de forma exponencial e os principais portos e as principais capitais
mundiais tornaram-se metrópoles interconectadas pelo telégrafo, pelo telefone,
pelo vídeo e pela web. Nas metrópoles e megalópoles do séc. XXI, às famílias
falta o tempo necessário para a educação, pois educação depende em primeiro
lugar de convívio, compartilhamento de situações, portanto de tempo-espaço.
Ora, com a mãe e o pai cidadãos trabalhando fora e em tempo integral, geralmente
gastando um longo tempo no transporte entre a casa e o trabalho, o tempo que
sobra para a educação familiar é o do sono e do descanso, isto é, a noite e o
fim de semana. Por conseguinte, a educação propriamente dita fica
necessariamente a cargo de outros, ou os filhos – crianças e adolescentes – são
largados à própria sorte.
A redução da questão da educação à questão do
ensino é adequada ao discurso simplista do embate político-partidário e
midiático. Graças ao reducionismo, tudo se torna uma questão de dinheiro. Mais
verbas! melhores salários! melhores condições de ensino! São reivindicações
justas, mas que jamais se resolvem, como demonstram as sucessivas greves
universitárias nas duas últimas décadas. Os novos acordos salariais assinados
após as greves só duram até a próxima greve.
ESTUDANTE ou ALUNO?
O aspecto mais perverso da redução da educação
ao ensino manifesta-se na redução do estudante ao aluno. Antes de 1968, ano da
revolta estudantil na Europa e nos Estados Unidos e também ano da resistência
democrática dos estudantes brasileiros liderados pela União Nacional dos
Estudantes – UNE – e pela União Brasileira dos Estudantes Secundaristas – UBES
– contra a Junta Militar que governava o país, não havia alunos nas faculdades
ou universidades brasileiras – havia estudantes, organizados em entidades
autônomas e com grande consciência de classe. Alunos eram as crianças das
escolas primárias ou quem recebe aula de um instrutor ou explicador qualquer.
O Ato Institucional no 5, baixado em
dezembro de 1968 pela Junta Militar, acabou com o movimento estudantil, com as
entidades estudantis e, sobretudo, com a cultura do estudante, que passou a ser
identificada com subversão. No início da década de 70, quando ocorreu o sumiço
de Honestino Guimarães, ser suspeito de subversão equivalia a ser suspeito de
terrorismo hoje em dia, aproximadamente. Nas universidades federais, após
tantos abusos contra professores e estudantes suspeitos ou acusados de
subversão, adotou-se a medida drástica de abolir, na linguagem, o estudante,
que foi substituído pelo aluno. Assim, a partir da década de 70 do século
passado instalou-se na universidade brasileira um novo padrão – a universidade
do aluno – que sobreviveu à redemocratização do país.
A universidade do aluno restringe-se
essencialmente a aulas expositivas e algumas experiências de laboratório ou
oficina, sendo alta ou altíssima a carga horária total das disciplinas
expositivas cursadas pelos estudantes, que, por outro lado, não dispõem de muito
tempo para participar de projetos de pesquisa ou de extensão. Já na década de
60 do século passado constatava-se a insuficiência da aula expositiva para a
formação científico-tecnológica dos universitários. Novos métodos foram
inventados, como na recém-criada Universidade de Brasília – Unb, que
experimentou no início da década de 70 o Método de Instrução Personalizada nas
áreas de Ciências Exatas (Física, Química e Matemática) e Ciências Biológicas
(Biologia e Medicina). Entretanto, junto com o fechamento dos DCEs e Centros
Acadêmicos, teve início a degradação geral da universidade brasileira durante a
Ditadura. Proibida a crítica, proibido o convívio: a educação universitária foi
reduzida ao ritual das aulas expositivas, à universidade do aluno, interessado
apenas em nota e diploma.
Já se passaram 3 décadas desde a
redemocratização do Brasil, as entidades estudantis têm espaço dentro das
unidades dos campi, os direitos democráticos dos estudantes estão assegurados,
mas só muito recentemente deu-se início à construção de restaurantes
estudantis, de mensas, dentro do campus do Fundão! Para que exista estudante, é
preciso que haja campus e que este leve em consideração a condição especial do
estudante. Em primeiro lugar, é indispensável pensar no estudante em tempo
integral e no estudante em tempo parcial. Em termos educacionais, não se pode
perder de vista a pessoa que está sendo educada, no caso da universidade, o
estudante. A faixa etária média dos estudantes universitários é de 18 a 30
anos, encontrando-se a maioria na faixa de 18 a 25 anos, isto é, logo após a
adolescência. Há os que são empregados, os que já são casados e também os que
já têm filhos pequenos, embora a maioria seja de estudantes solteiros e
dedicados integralmente aos seus cursos. Para estes, o campus deve oferecer
obrigatoriamente bons refeitórios, uma biblioteca central, residência
estudantil, atividades esportivas e atividades culturais, aí incluído necessariamente
o cinema. O desenvolvimento do potencial dos estudantes depende das condições
de interação disponíveis. Quanto mais amplas e frequentes as interações entre
estudantes de disciplinas diversas, tanto maior a sinergia criadora que se
denomina caldo de cultura.
REDE INTERATIVA DE
VÍDEO E CINEMA
O
diagrama acima (Estrutograma) apresenta, na parte superior, a estrutura de rede
da TV Honestino, cuja Coordenação faz a integração de 4 (quatro) núcleos
interdependentes: Internet & Edição,
Gravação & Evento, Arte & Educação e Animação. Nas duas linhas
inferiores estão listados os laboratórios, núcleos de pesquisa e instâncias
administrativas que são potencialmente parceiros ou apoiadores da TV Honestino.
O diagrama mostra também a possibilidade de dois fluxos contínuos: a) entre a TV Honestino e a Coordenadoria de
Comunicação da UFRJ, através de um canal de exibição da TV Honestino na TV
Consuni; b) entre a TV Honestino e a Escola de Cinema Darcy Ribeiro, através da
exibição na TV Honestino de experimentos dos estudantes de cinema. O Estrutograma
já foi alterado duas vezes e será modificado à medida que a implementação do
projeto mostrar a necessidade de modificações.
TV HONESTINO
Em
consonância com o estrutograma, a TV Honestino é definida como uma rede
comunicacional para a transmissão pela Web de fotos, textos e vídeos, a partir
das plataformas: 1) página do Facebook Arte
Ambiente, 2) blog Arte + x Ambiente
(www.labpdarte.blogspot.com) e 3) site www.labpdarte.wix.com/labpdarte. A meta é pesquisar
plataformas mais complexas e desenvolvidas.
O
material a ser transmitido terá três fontes diferentes: 1) midiateca temática,
2) roteiro visual e 3) produção de evento.
1 Midiateca temática: mídia digital (CDs,
DVDs, HDs, etc.) disponível na midiateca do LabPD-Arte ou obtida por empréstimo
ou doação para utilização em projeções públicas e privadas promovidas pelo Laboratório,
relacionadas com questões da arte e do meio ambiente.
2 Roteiro visual: visitas a locais públicos (galerias de arte,
museus de arte ou científicos, congressos e bienais) e privados (ateliês e
fábricas) para conhecimento de arte e design.
3 Produção de evento: realização de
encontros públicos em função da projeção de vídeos e filmes e da realização de
instalações e performances; produção de festivais internos e externos ao
campus. Os festivais externos deverão ser financiados preferencialmente a
partir de parcerias com outras entidades, como prefeituras, SESI, SESC, etc.
IMPLEMENTAÇÃO e DESENVOLVIMENTO
Encontram-se
atualmente em fase de desenvolvimento dois núcleos: o de Internet & Edição
e o de Gravação & Eventos.
Núcleo de Internet & Edição (N-IE)
Responsáveis: Marcus Vinicius Freze e Arthur Alesi,
bolsistas PIBIAC.
O N-IE administra: o site, a midiateca
do LabPD-Arte e os processos de edição – páginas da Web, impressos (cartazes,
folders, banners), animação e vídeo.
Núcleo de Gravação & Eventos (N-GE)
Responsáveis: Guilherme Gak e
Vinicius Balarini, monitores voluntários.
O N-GE administra: as relações públicas e
a produção de eventos – roteiro, programação, mailing, Facebook, transporte,
montagem, performance e gravação.
Embora
complementares, esses dois núcleos são tecnicamente distintos e abrem-se a
pesquisas diferentes. Enquanto o Núcleo de Internet & Edição se ocupa
essencialmente com softwares gráficos e de edição de vídeo, um trabalho que
ocorre dentro da sala do Laboratório, o Núcleo de Gravação & Eventos ocupa-se
essencialmente com o trabalho a ser executado fora do Laboratório – gravação de
vídeo, projeção de vídeo e organização de eventos em auditórios.
A pesquisa
do Núcleo de Internet & Edição põe em questão a criação e o desenvolvimento
de plataformas específicas para Web-TVs, o que seria possível em parceria com a
COPPE, a Escola de Comunicação e outras instituições. Por outro lado, a pesquisa
do Núcleo de Gravação & Evento abre um leque de possibilidades para atuação
dos estudantes envolvidos fora da EBA e do campus, em especial para a
realização de ações artísticas em escolas de nível médio, no entorno do campus
ou em cidades do interior do Estado, como Cabo Frio, Arraial do Cabo e Paraty.
Em seguida à implementação dos dois núcleos iniciais da TV
Honestino, deverão ser criados o Núcleo
de Animação e o Núcleo de Arte e
Educação, cabendo ao primeiro a criação de vinhetas e desenhos animados
para o site da TV Honestino e ao segundo, a organização de programas de vídeo
educativos e de oficinas de arte para crianças e adolescentes, a serem
ministradas por estudantes da UFRJ para alunos do ensino básico e médio de
escolas públicas, no Rio de Janeiro ou em cidades do interior do Estado.
ARTE e EDUCAÇÃO Ambiental
O LabPD-Arte é fruto do projeto de pesquisa Arte Ambiental – a Plástica dos Resíduos e
as Plasticidade do Meio Ambiente, que desenvolvi na Escola de Belas Artes
de 2005 a 2010 como projeto isolado diretamente vinculado à direção da EBA.
Essa pesquisa desdobrou-se na forma de duas disciplinas interdepartamentais – Escultura e Reciclagem e Produção Cultural, Evento e Filmagem,
para cuja implementação foi criado, com o apoio da FAPERJ e da Incubadora
FURNAS Sociocultural, o Laboratório Pablo
Picasso de Estudos Transdisciplinares em Escultura, Produção e Direção de Arte
– LabPP-Esc, compreendendo duas salas – uma para a pesquisa em Escultura e
a outra para a pesquisa em Produção Cultural. Com minha transferência para o
Departamento de História e Teoria da Arte, em 2011, a sala de Escultura passou
para outro departamento e a sala de produção cultural tornou-se o LabPD-Arte – Laboratório de Produção e
Direção de Arte do Departamento de História e Teoria da Arte – BAH da EBA/UFRJ.
O
LabPP-Esc – 2006 a 2010
A pesquisa Arte
Ambiental. A Plástica dos Resíduos e a Plasticidade do Meio Ambiente foi
uma pesquisa prática com objetivos bem definidos de revitalização ambiental. Em
primeiro lugar, foram revitalizadas as salas onde passou a funcionar o LabPP-Esc,
que estavam semiabandonadas, dando início ao processo de recuperação do
corredor de oficinas da EBA e da FAU situado no 2º andar do Prédio da Reitoria.
Em seguida, as atividades dos estudantes da disciplina Produção Cultural,
Evento e Filmagem, juntamente com a produção dos estudantes de Escultura e
Reciclagem, deveriam desencadear um processo de revitalização do Salão Azul. Em
função desse objetivo, foi colocado em prática o projeto de extensão
universitária Cineclube do Fundão e
Festival Universitário de Arte e Sustentabilidade Ambiental – FUASA.
Com o apoio de bolsistas PIBIAC (Iniciação Artística e
Cultural) ou PIBEX (Extensão Universitária), os estudantes de Produção
Cultural, Evento e Filmagem realizaram de 2008 a 2010 workshops quinzenais no
Salão Azul (Cineclube do Fundão), apresentando vídeos de arte e de temática
ambiental, que eram complementados com performances musicais no palco do
auditório. Por outro lado, os estudantes de Escultura e Reciclagem pesquisavam
com resíduos sólidos (aí incluídos objetos obsoletos ainda funcionando) com a
finalidade de realizar, no final do semestre, uma exposição que era montada no
corredor e no salão de espera do Salão Azul.
Tendo
como núcleo a exposição dos estudantes da disciplina Escultura e Reciclagem e
um festival de vídeos e performances organizado pelos estudantes da disciplina
Produção Cultural, Evento e Filmagem, teve início o projeto FUASA – Festival
Universitário de Arte e Sustentabilidade Ambiental – que ensejou diversas
parcerias do LabPP-Esc no período de 2008 a 2010: com a Escola de Música, com a
Faculdade de Letras, com o Laboratório de Engenharia do Entretenimento (LEE) da
COPPE, com o Núcleo Náutico e com o Laboratório de Imagem e Criação em Dança –
LICRID – da Faculdade Esportes e Educação Física da UFRJ.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhawngfpgTJxGfpjLgEbwaRD4t9DR4VgcvXKBxyplT_qfhSR2LJyKWaldkQ38DvZLdE3JuToaKHAaApLPWooaDqWl4MDeJRJq5yUT2yBvQ5Q7402Y6XCKft1q7Q8cIRpsqK6NgZHO1QcMU/s320/P7091095.JPG)
Produção
cultural do LabPP-Esc para a revitalização do Salão Azul
A
revitalização do Salão Azul foi alcançada parcialmente, primeiramente com a
descupinização do auditório e a recuperação da refrigeração do prédio pela FAU
e, posteriormente, com a realização de uma reforma de pintura e banheiros pela
Decania do CLA, que rebatizou o espaço de Auditório Samira Mesquita e, mais
recentemente, fez construir uma grade separando o auditório do Bosque (jardins
adjacentes ao auditório).
Os workshops e festivais
promovidos pelo LabPP-Esc levantaram a questão do registro videográfico e, mais
geralmente, a questão da gravação e da projeção de vídeo na universidade
contemporânea e, em particular,numa faculdade de arte, na era digital. Além
disso, eles deram origem a uma midiateca e propiciaram uma rica experiência de
parcerias com o Núcleo Náutico da UFRJ, que demonstraram o potencial interativo
das oficinas de Desenho e Plástica coordenadas por mim em várias edições do
UFRJmar, segundo a concepção teórica do desenho e da plástica tetradimensionais,
que desenvolvi ao longo do meu doutorado na Escola de Comunicação da UFRJ (1995‑2001)
e que está publicada no livro O Corte
Gráfico-Escultórico e na apostila Desenho
Integrativo Multidisciplinar.
Igualmente significativo foi a
elaboração, pelo Projeto FAU em parceria com o LabPP-Esc, de um projeto para a
adaptação do Auditório Samira Mesquita à era digital, dotando-o de uma
midiateca, de uma galeria de arte e de um lounge
multimídia.
O Projeto de Revitalização do Salão Azul foi encaminhado em
2010 à Decania do CLA, que só aproveitou, na reforma que fez logo em seguida,
as sugestões feitas pelos estudantes do Projeto FAU para os banheiros, cujas
ilustrações não estão aqui reproduzidas. Com o encerramento das atividades do
LabPP-Esc, em 2010, o Auditório Samira Mesquita voltou à função de elefante branco.
Após meu ingresso no Departamento de História e Teoria da
Arte – BAH – e o cancelamento das disciplinas interdepartamentais Escultura e Reciclagem e Produção Cultural, Evento e Filmagem, em
2011, dei por encerrado o projeto de pesquisa Arte Ambiental: a Plástica dos Resíduos e a Plasticidade do Meio
Ambiente e realizei em seguida, em 2012, em parceria com a Profa.
Dra Michelle Sales, o 3º
Festival Universitário de Arte e Sustentabilidade Ambiental – 3° FUASA, que
teve apoio financeiro do Banco do Brasil.
O III FUASA foi um experimento que transformou o Salão Azul
em espaço de cinema e, simultaneamente, espaço de auditório de TV, com
entrevistas e apresentações de palco, que foram gravadas por um profissional
contratado e posteriormente editadas por bolsistas orientados por Michelle
Sales. Produzido por dois professores com o auxílio de bolsistas PIBIAC, o III
FUASA publicou, com patrocínio do Banco do Brasil, além de um DVD documental,
cartazes, folders, banners e posters de divulgação.
2012
A divulgação on-line do 3° FUASA gerou um blog (www.labpdarte.blogspot.com) e
uma página no Facebook (Arte Ambiente),
que passaram a constituir, juntamente com a mala direta, a rede de contatos do
LabPD-Arte, que vem se expandindo desde então.
Com base nas reflexões sobre os resultados alcançados com a
produção do 3° FUASA criei o projeto de pesquisa, Arte, Informática e Televisão – Web-TV, que trata das seguintes
questões:
1 Qual
a relação das artes plásticas e do design com a tela eletrônica, na era
analógica e na era digital?
Levando-se em
consideração a emergência do personal
computer nos anos 80, que paralelos ou relações podem ser estabelecidos
entre as transformações do conceito e significado da arte, de um lado, e a
evolução da TV do outro, de 1945 aos dias atuais, isto é, no período que vai da
era dos poucos canais abertos da televisão analógica em preto-e-branco, quando
surgiram os happenings, à época atual
dos múltiplos canais da TV digital de alta definição e dos games?
3 De
que maneira as estratégias artísticas ou midiáticas individuais, de pequenos
grupos e de minorias foram e são afetadas pelas redes comunicacionais
eletrônicas, antes e depois dos microcomputadores e da Web?
A
pesquisa propõe que esta última questão seja abordada pelo viés da Produção
Cultural e da Direção de Arte, duas atividades intrínsecas à televisão, que se
generalizaram e se tornaram na atualidade pré-condição para a inserção pública
de qualquer produção cultural ou artística, mais geralmente ainda, da maioria
dos objetos de consumo. Isto permite que a pesquisa não se limite à reflexão
teórica, mas assuma, através da produção cultural e da direção de arte, também
a forma de experimento empírico – a criação de uma Web-TV, uma TV virtual – com
suporte no LabPD-Arte - Laboratório de Produção e Direção de Arte do
Departamento de História e Teoria da Arte – BAH – da EBA/UFRJ.
Em 2013 o projeto de extensão TV Honestino foi aprovado pelo Departamento BAH e pela Congregação
dos Professores da EBA, em seguida encaminhado à FAPERJ, onde foi premiado pelo
caráter inovador em 2014 com um auxílio à pesquisa básica, que viabilizou a
substituição dos equipamentos obsoletos e irrecuperáveis, além da aquisição de
uma câmara digital profissional e de uma TV de led.
A concepção da TV Honestino corresponde plenamente ao
perfil do Departamento de História e Teoria da Arte, em particular ao caráter
das disciplinas sob minha responsabilidade no Departamento: História da Arte 1,
2 e 3 – Desenho Industrial Projeto de Produto. Ao longo de 5 anos, desenvolvi
uma metodologia de curso que tem como ponto central a produção e apresentação
de um slide-show, realizadas em equipes de três, e de um impresso criado em
equipe de dois estudantes. Graças a isso, a midiateca do LabPD-Arte vem
aumentando continuamente, embora de forma muito modesta. Por outro lado, os
estudantes de design são os principais interessados em criação de sites e
páginas da web, além de cartazes, folders, banners, histórias em quadrinho,
livros, etc. Assim, a proposta de criação de uma Web-TV atende aos anseios dos
meus estudantes de História da Arte, de modo que a TV Honestino teve início com
a ação de monitores voluntários, que criaram em 2015 o site www.labpdarte.wix.com/labpdarte, o
embrião da Web-TV.
De 2008 a 2013, o LabPP-Esc e a pesquisa Arte Ambiental – a Plástica dos Resíduos e a
Plasticidade do Meio Ambiente propiciaram a estudantes avançados o acesso a
bolsas PIBIC, PIBEX e PIBIAC, num total de 12 (doze). O período de 2014 a 2015
foi dedicado à compra e instalação de novos equipamentos para o LabPD-Arte, um
processo que demorou muito além do previsível devido às greves de técnicos
administrativos, professores e até de estudantes, além de problemas imprevistos
devido ao novo sistema operacional (Windows 10), que teve que ser substituído. Por
causa disso, somente em 2016 pude dar início ao meu novo projeto de extensão –
a TV Honestino – que tem como capital inicial a herança do projeto Cineclube do Fundão / FUASA, ao qual dá
continuidade, mas do qual também se diferencia por ter um caráter mais aberto e
mais abrangente.
Em síntese, a proposta da TV Honestino é a de uma rede
digital com base no LabPD-Arte (produção, edição e postagem) e com uma unidade
móvel de projeção e gravação que tenha a função de retroalimentação da rede e
de criação de pontes entre diferentes locais e diferentes grupos sociais, com a
dupla função de promover a educação visual e a educação ambiental.
1) Criação do Núcleo de Arte e
Educação da TV Honestino.
2) Desenvolvimento pelo Núcleo
de Gravação e Evento de um programa de pequenos eventos quinzenais, culminando
com um grande evento de final de período, todos com projeção e/ou gravação de
vídeo.
3) Execução pelo Núcleo de
Internet e Edição de um cronograma de postagens semanais no site do LabPD-Arte.
4) Criação do Núcleo de
Animação.
4) Criação de um programa de Tendas de Cultura Visual, caracterizadas
pela ênfase no audiovisual (cinema e vídeo) e no tátil-visual (oficinas do
fazer: desenho, colagem, pintura, plástica e maquete). A Tenda deve ser
entendida tanto no sentido literal, com estudantes acampando, quanto no metafórico,
de feira ou festival de arte realizado pela TV Honestino em parceria com uma
escola, um centro cultural ou um museu.
5) Pesquisa do formato ideal para a plataforma
de exibição do site da TV Honestino, com o apoio do Laboratório de Produção
Multimídia – LPM – e do Lab-3D do Programa de Engenharia de Sistemas de
Computação – PESC – da COPPE / UFRJ.
6) Criação de um curso teórico de extensão, de
curta duração, com base na minha experiência nos últimos cinco anos como
professor do Departamento de História e Teoria da Arte da EBA / UFRJ: A história da Arte através da evolução dos
dispositivos visuais – a história do Olhar.
7) Campanha pela revitalização do Salão Azul
(Auditório Samira Mesquita), conforme o projeto elaborado pela parceria
LabPP-Esc / Projeto FAU em 2010.
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Enéas de Medeiros
Valle
Geo
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