Arte + x Ambiente

10 de março de 2014

Estudante ou aluno? O que você acha?


















Os estudantes de Desenho Artístico Luimar Lima e Rafael Vinagre em ação de arte ambiental (mutirão artístico) promovida pelo LPPDIM -- Laboratório Pablo Picasso de Desenho Integrativo Multidisciplinar, na Escola de Belas Artes, em 1994. 

Estudante ou aluno? Qual a diferença?

A diferença entre aluno e estudante consiste na oposição entre o aprendizado uniforme do aluno e o aprendizado personalizado do estudante. A relação docente-discente é bem diferente em cada um dos casos. Por ser uniforme o programa, os alunos não têm liberdade de escolha e seguem a direção e o ritmo indicados pelo professor, que concentra toda a responsabilidade pelo processo de aprendizado. Contrariamente, o estudante segue um programa que não é uniforme, segundo suas próprias escolhas e seu próprio ritmo. Por isso mesmo, a responsabilidade do aprendizado é compartilhada, cabendo ao professor propor e orientar um programa que o estudante desenvolve segundo sua própria determinação.

Quanto à diferença entre educação e ensino, pode-se constatá-la considerando-se a diferença entre os verbos educar e ensinar: “educa-se alguém para algo” e, bem diferente, “ensina-se algo para alguém”. Ensinar é muito mais simples e limitado do que educar: pode-se ensinar à distância, porém educação exige convívio, interação presencial e o cumprimento das exigências que o convívio impõe, a começar pela disponibilidade da mesa de refeição comum.

A consideração dessas duas diferenças é fundamental para um projeto estratégico de educação que leve em conta a divisão atual do mundo globalizado, entre países criadores e exportadores de tecnologia, de um lado, e países consumidores e reprodutores de tecnologia ou de seus produtos, do outro. Só se pode ensinar o que já se conhece; para que se possa encontrar novas soluções e descobrir novas possibilidades, é preciso a aventura da liberdade e o guia da responsabilidade. Por isso, o aluno, por definição, apenas reproduz o conhecido, enquanto o estudante é a aposta que se faz no avanço do conhecimento.

Resumindo, a questão estudante-aluno é a questão da liberdade-responsabilidade no processo educacional, que é justamente suprimida quando se apaga a diferença entre o aluno e o estudante e, com ela, a distinção entre a educação da criança, do adolescente e do adulto. Ora, o corpo discente de uma universidade é constituído maciçamente por jovens saindo da adolescência e entrando na fase adulta. O sentido do trote é justamente deixar uma marca da entrada na vida adulta, quando o indivíduo será confrontado com opções a serem feitas e a decisões a serem tomadas e mantidas.

Enéas Valle


Estudante ou aluno, 
uma rápida reflexão





Se fizermos uma rápida reflexão através da linha do tempo da humanidade, podemos constatar que a forma de pensar do ser humano e da sociedade em geral sempre esteve em constante mudança, principalmente no que diz respeito ao domínio do conhecimento.

Voltando nossas mentes para o séc. XIX, onde a produção de conhecimento e descobertas em um determinado tempo era bem menor que a produção atual, podemos ver que a forma de se passar o conhecimento seja ele no âmbito das artes, ciências aplicadas e sociais era de uma forma mecânica e sem reflexão, como um Ctrl-C/ Ctrl-V. Como exemplo as academias de arte ensinavam suas técnicas através da cópia de obras já conhecidas – podemos comparar a forma de pensar e ensinar dos egípcios, com suas regras rígidas impostas ao ensino da representação de sua cultura.

Mas à medida que o tempo, as revoluções promovidas por um ideal mais justo e menos autoritário foram se dando através do povo e com o aumento de novas descobertas e avanços científico-tecnológicos, as verdades tornaram-se mais frágeis e discutíveis. O que seria um professor e seu aluno para a atualidade? Algo simplesmente ultrapassado e ineficiente, tendo em vista a velocidade e mudança de nossas verdades. Tornam-se então necessárias pessoas capazes de não ensinar, mas sim educar outras para que essas possam receber o conhecimento de forma crítica, e assim criar suas próprias verdades, essas que podem ser questionadas o tempo todo.

Infelizmente em um mundo que é movido pela política, seja interna ou externa, nós sobreviventes do séc. XXI, nos deparamos, com o descaso da educação. Podemos ver com clareza que em países constatados como os mais corruptos e desiguais seu motor de sustento é a falta de educação. É estabelecido então o simples ensino do Crtl-C/ Ctrl-V, que vai desde o primário até o superior, nos fazendo remeter ao século XIX, XIV, XII... E assim vai, até chegarmos ao ponto de “nos vender por fogo e uma pedra redonda.”

Gabriel Estruc






Aluno uma rápida materialização do contexto

Vivemos em um país com sérios problemas na sua base educacional. Carregamos uma mentalidade por mais que neguemos sua existência, onde apenas os exercícios de engenharia, medicina e direito são considerados trabalhos de verdade.

Esta é uma questão ainda ligada ao nosso eterno e infinito período colonial que perpetua.


Pode parecer que não, mas, é nela que a diferença entre estudantes e alunos reside.
Alunos são criados sob o pensamento da sociedade patriarcal e nepotista que vinga em nosso país.

Herdamos escritórios, negócios de família, cargos políticos justificados pela estabilidade econômica que nos trariam.

Assim estudam os alunos, domados e guiados. Amordaçados. Criados para ouvir e obedecer, entregar relatórios, cumprir metas normalmente materializadas em “provas”.
Existe um rito de castração que varia de família em família. Um terror psicológico criado enquanto ainda somos crianças onde muitas vezes o maior medo é de perdermos o amor e a aceitação dos nossos progenitores.  Passado um tempo, no fim da adolescência, enfrentamos a maior batalha.

Escolher o que faremos pelo resto de nossas vidas quando afortunados ou, como é mais comum, ouvirmos nosso futuro pelo nosso querido vidente sem bola de cristal que paga nossas contas ou não, conforme suas previsões vão se concretizando, nós perdendo nossas vontades em troca de uma estabilidade financeira.

Estudante é ter a capacidade de analisar pontos a favor e contra e calcular de fato o estamos dispostos a fazer.

Estudante é estudar algo com gosto e interesse pelo assunto e ter seus próprios projetos que não tem relação com a parte acadêmica já imposta e considerada base para formação profissionalizante.

Estudante é a expressão da liberdade, independência e capacidade de senso crítico.

João Pisk 









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